estava esperando o sinal fechar para atravessar a rua.
foi então que vi um cara, usando uma mochila igual a que você tinha.  uma azul, lembra? eu sim.

em uma outra vida, essa visão me desencadearia milhões de reações:
eu choraria por dentro, te mandaria uma mensagem só para ver como você tá, olharia nossas fotos, colocaria a "nossa" música para tocar - música que só eu ouvi.

mas nessa vida, a que estou vivendo agora, eu não fiz nada disso.
eu sorri, involuntariamente. fiquei feliz por ainda lembrar - porque eu gosto de não esquecer das coisas.

assim, eu fiquei feliz por nós. pelo o que a gente era, quando você ainda carregava aquela mochila nas costas. pelo que a gente foi, uns cinco anos e milhares de vidas atrás.

eu fiquei feliz por mim. porque eu sempre disse que não te esquecia por não querer. e quando quis, não te esqueci. porque te esquecer nunca foi parte do plano, eu sempre soube. mas, mesmo lembrando, eu não te quero.

não nessa minha nova vida, não mais.